Ricardo Prado - Uma Lenda

Já que falamos de um dos maiores nadadores do mundo de todos os tempos (Mark Spitz) vamos falar também de um nadador Brasileiro famoso. Abaixo reproduzo uma matéria do Site Raia4News de 2004, sobre Ricardo Prado, um dos maiores nadadores Brasileiros de todos os tempos senão o maior por ser além de medalhista Olímpico foi ex-Recordista Mundial, Medalhista PanAmericano em uma época onde apoio financeiro era escasso (muito mais que hoje) e também pela sua força de vontade em vencer a despeito de sua altura. Ricardo conta-se era um leão de treino e se aplicava como nunca para ter a melhor peformance possivel no treino, nao medindo esforcos para isso.

Ricardo Prado sempre foi um pioneiro na natação brasileira. Fez o caminho inverso da maioria dos grandes nadadores internacionais: disputou sua primeira Olimpíada em Moscou/1980 (12º colocado nos 400 medley) para então começar a brilhar nas piscinas do mundo. Em 1982, na cidade de Guayaquil (Equador), conseguiu um feito inédito para o Brasil: se tornou o primeiro nadador do país campeão mundial em piscina longa, e de quebra superou o recorde mundial da prova. As conquistas prosseguiram em 1983, com duas medalhas de bronze na Universíade, no Canadá, e duas medalhas de ouro e duas de prata nos Jogos Pan-Americanos de Caracas (Venezuela). Nesse Pan, Ricardo foi o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura, mais uma primazia: foi o primeiro (e até hoje ) único nadador a carregar a bandeira brasileira na abertura do torneio (foto acima).
O terreno estava preparado para mais um feito inédito para Pradinho: a primeira medalha de prata olímpica da natação brasileira, conquistada em Los Angeles/1984, nos 400 medley. Seu recorde sul-americano estabelecido naquela ocasião só viria a ser superado no Troféu Brasil de 2004 por Thiago Pereira. As conquistas não pararam, e em 1985 foi campeão da Universíade, em Kobe, e do Pan-Pacífico, em Tóquio, ambos nos 400 medley. De acordo com meus arquivos, é a única medalha de ouro brasileira na história do Pan-Pacífico (até porque o Brasil não costuma participar da competição). O fim da carreira estava chegando, mas não sem antes conquistar mais uma medalha de prata e outra de bronze no Pan de Indianápolis/1987.
Para muita gente, Ricardo é o melhor nadador brasileiro da história. Afinal, superou os mais diversos obstáculos, entre os quais falta de apoio (muito menor naquela época do que hoje), embarcar sozinho para estudar e treinar nos Estados Unidos com 15 anos, e seu tamanho, 1,67m de altura, uma clara desvantagem em um esporte de gigantes. E mesmo assim se tornou recordista mundial e medalhista olímpico em uma das provas mais difíceis e exigentes da natação, os 400 medley. Após encerrar a carreira, Ricardo investiu na carreira de treinador de natação, que deixou de lado este ano (2004) para trabalhar no Comitê Olímpico Brasileiro. Desejamos sucesso a ele nesta nova empreitada!
Ele também trabalha como comentarista de natação, e é o mais bem informado nesta função no Brasil (já ouvi muita gente falar mal, mas esqueceram de citar algum outro comentarista melhor que ele...). E, portanto, ninguém melhor do que ele para falar de Olimpíada. Abaixo, segue a pequena entrevista que fizemos com ele.
Raia Quatro News: Na sua opinião, quem são os nadadores em quem devemos prestar atenção nessas Olimpíadas? Por quê? E o que espera da nossa seleção brasileira em Atenas?
Prado: Bem, Daniel, acho que devemos prestar atenção no evento como um todo. Não faltarão surpresas, vitórias, derrotas, etc... Eu assisto as Olimpíadas sabendo que é um evento único onde tudo pode acontecer, favoritos sentem a pressão e caem, outros crescem e se superam, é realmente um evento único. Eu me entusiasmo muito assistindo e sobretudo avaliando os resultados. Estou curioso quanto ao Thiago Pereira, Joanna Maranhão, Rebeca e Flávia, Georgina Bardach, Hoogenband, Natalie Coughlin, Aaron Peirsol, Hanna Stockbauer, Lisbeth Lenton, e claro, o maior dos maiores: Michael Phelps.
Raia Quatro News: Você deve ter muitas lembranças de suas participações Olímpicas. Conte-nos um momento que ficou marcado positivamente e outro negativamente.
Prado: Das minhas participações olímpicas eu só tenho boas memórias: me lembro de nadar ao lado dos meus ídolos aos 15 anos em Moscou, e principalmente de chegar a Los Angeles como um dos favoritos ao ouro pelo nosso país. Lembro de como foi difícil segurar a pressão de um pais inteiro e sair de lá, vitorioso, com uma medalha de prata que ate hoje é lembrada como se fosse de ouro, na verdade minha prata é ouro, não sou só eu que sei isso.
Raia Quatro News: Você é o único nadador brasileiro campeão mundial em piscina longa, e só recentemente recordes brasileiros e sul-americanos seus caíram (200 borbo e 200 e 400 medley). O que falta para o Brasil desenvolver outros Ricardos? Na sua opinião, quem são as maiores revelações brasileiras dos últimos anos?
Prado: Acho que as maiores revelações da nossa natação nos últimos anos são o Lucas, Thiago, Flávia, Rebeca, e outros... Mas ainda vai depender de o quanto eles vão progredir nos próximos anos. Eles têm o potencial e tem a estrutura para auxiliá-los. A meu ver não lhes falta nada. Mesmo soando pretensioso, nadadores como eu (fui) não são produzidos, são alguns poucos que apesar da falta de tradição, se propõem a abrir o caminho para outros. Apesar das dificuldades e da falta de apoio e estrutura, chegamos lá.