Excelente artigo do BestSwimming.com
Sonhar é um direito de todo ser humano. Tentar fazer destes sonhos é abrir o espírito aventureiro que todos nós levamos dentro de nós mesmos. Realizar estes sonhos nos fazem os verdadeiros vencedores. Jovens são conhecidos por seus sonhos, porém muitas vezes, envelhecemos mas mantemos a "maniar de sonhar".
Este artigo é dedicado a aqueles que mantém estes "sonhos" bem acesos, a estes "jovens" que recusam o "envelhecimento" e mantém as aventuras de buscar a realização destes sonhos.
Erik Vendt após ganhar a sua medalha de prata nos 400 medley nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 viajou pela Europa com uma mochila nas costas. Depois, se mudou para New York onde trabalhava dando aulas de natação. Ao escutar a balada da música olímpica na cobertura da TV americana dos Jogos Olímpicos de Inverno, não resistiu. Só aquela música foi suficiente para mudar sua vida, seguir seus sonhos, e abrir uma nova aventura. Erik deixou o emprego, se mudou para Michigan e está desde o ano passado treinando com o Wolverine Swim Club rumo a seu sonho de chegar ao time olímpico de 2008.
Lenny Krayzelburg está com 31 anos de idade e sofre diariamente com dores no ombro esquerdo, o mesmo ombro que ele operou duas vezes, em 2001 e 2003. Não o suficiente para tirar da sua cabeça o sonho da terceira Olimpíadas. Ele esteve em 2000, em Sidney, onde foi ouro nos 100 e 200 costas e 4 x 100 medley. As duas cirurgias não foram capazes de apagar seu sonho para voltar em 2004. Para isso, ele trocou de técnico e passou a treinar com Dave Salo, um treinamento menor, mais voltado para a velocidade. Lenny conseguiu a vaga no time americano, ficou em 4o lugar e ainda ajudou o revezamento medley na eliminatória, o mesmo revezamento que venceria na final e com novo recorde mundial.
Lenny está com a chama acesa, e mesmo com a responsabilidade de pai de duas gêmeas de dois anos, mais a sua própria escola de natação, o ex-ucraniano naturalizado americano treina diariamente com Salo. Esta determinação, este compromisso e tamanho esforço faz a gente pensar, será que ele consegue? Duvido que alguém seja capaz de dizer não sem pensar. Com sonhadores não se mexe.
Dara Torres surpreendeu ao mundo todo quando após sete anos de aposentadoria ela voltou para integrar o time olímpico americano em 2000. Foi a sua quarta Olímpiadas e um novo recorde nacional. No ano passado, Dara voltou a surpreender mais ainda. Apenas alguns meses após dar a luz a sua primeira filha, Dara voltou a nadar. E um novo sonho, ou será antigo? Seria capaz ela com 39 anos de idade lutar pelo time olímpico de 2008. Capaz ou não, Dara começou a cair n'água. Primeiro com o time masters depois com a equipe de Coral Springs, onde o treinador Michael Lohberg lhe prepara para uma "missão impossível". Este sonho pode nunca se tornar realidade, mas Dara já bateu o recorde mundial masters da sua categoria e mantém acesa esta chama.
Cláudia Poll é outro exemplo de história de superação. Campeã olímpica em 1996, a nadadora da Costa Rica sofreu um bocado com a suspensão de doping em 2002 que lhe deixou dois anos sem competir. Cláudia não só voltou a treinar como esteve em Atenas e está treinando novamente para Beijing. Aos 35 anos de idade, Cláudia já não é mais favorita para nenhuma medalha, mas continua competitiva e seu nome ainda figura no ranking mundial.
As lesões têm sido outro fator que encerra inúmeras carreiras, mas também mantém outros lutando e sonhando. É o caso de Michael Klim, alguns anos atrás o recordista mundial dos 100 borboleta e depois dos 100 livre. Klim sofreu cirurgias nos ombros, no joelho, nas costas, e outras tantas lesões. Ele nem é o melhor da Austrália atualmente, mas ainda é útil e diria até imprescindível para os revezamentos do seu país. Casado, e as vésperas da primeira filha, Michael Klim é um "sonhador eterno".
Jason Lezak também sonha com sua próxima Olimpíadas. Talvez a sua última e vai sozinho até lá. Isto mesmo, ele decidiu que iria ser seu próprio treinador e todos os dias vai nadar só por volta do meio dia. Com um sonho grande como este, numa dimensão como esta fica até difícil de acreditar. Mas Lezak continua ativo e competitivo. No último verão integrou o revezamento 4 x 100 livre americano que quebrou o recorde mundial no Pan Pacífico.
Se voltarmos no passado vamos encontrar outros exemplos de determinação e compromisso. Lembro do nadador russo Vladimir Salnikov, talvez um dos melhores nadadores de fundo do mundo em todos os tempos. Primeiro homem do mundo a nadar abaixo dos 15 minutos nos 1500 livre, Salnikov detonou em 1980 e não pôde defender a sua União Soviética em 1984 devido ao boicote. Em 1988, Salnikov foi desprezado pelos treinadores russos que se negaram a tomar responsabilidade pelo treinamento do "velho" fundista. Treinado pela sua própria esposa, Salnikov esteve em Seul para ganhar a sua medalha de ouro nos 1500 livre.
No Brasil também temos uma grande quantidade de "sonhadores". O que diria de nosso Fernando Scherer, o eterno Xuxa. Treinando "escondido" na requintada academia Fórmula em São Paulo, sem aparecer, sem competir, e que a qualquer momento vai cair na água e brigar por uma vaga para o Pan. Quem duvida disso?
E Pedro Monteiro, que voltou a nadar, sem dizer nada a ninguém, sem compromisso público, apenas com ele mesmo. Mostrou estar na luta e "sonhando" com a vaga para o Pan e surpreendeu a todo mundo ao vencer o Troféu Open em dezembro passado.
O que diríamos da veterana Giseli Caetano Pereira, eterna nadadora e uma "jovem" por excelência. Pois Giseli está na ativa e até sonha com uma vaga para o nado costas do Brasil para este Pan.
Você duvida da capacidade dela? Eu não, pois sonhadores como estes é que fazem nosso esporte cada vez maior e mais admirável. Estes aventureiros provam a cada dia que são os verdadeiros vencedores, uma vitória muito maior do que simplesmente medalhas, recordes e títulos. A vitória da vida.
Um comentário:
To saindo do trabalho pra ir ao clube. To muito mais animado do que 3 minutos atrás!
De repente até pego índice pro Troféu em algum desafio do Wlad...rs
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