Abaixo uma matéria muito legal da nadadora Kristy Kowal. O interessante que ela fala sobre dois aspectos que estava hoje conversando com os juvenis: dar a volta por cima quando se fracassa em algo e o que a natação traz de bom além das medalhas. Leia e reflita:
Kristy Kowal, uma das medalhistas dos Jogos Olímpicos de Sydney, é aquelas pessoas que você conhece e nunca esquece. Nessa semana na “20 Question Tuesday”, com o correspondente especial Bob Schaller, ela fala sobre a natação e o que está fazendo ultimamente.
1 O que você tem feito ultimamente?Kristy: Há pouco, terminei meu Segundo ano como professora da terceira série em Reading, Pa., na Whitfield Elementary School, que faz parte do Distrito Escolar de Wilson . Eu atualmente leciono na mesma escola que entrei na sexta série, como aluna.
2 Como você começou a lecionar?Kristy: Minha mãe é professora, e eu acho a coisa mais legal do mundo arregaçar as mangas e trabalhar com crianças o dia todo. Ela ensina da sexta a oitava série, mas eu prefiro ficar com as crianças mais novas.
3 Você pode nos contar um pouco sobre a cidade que vive?Kristy: Eu moro em Wyomissing, Pa., subúrbio de Reading. É onde eu nasci e cresci, então eu amo estar aqui. A maioria dos meus familiares mora, de carro, uns dez minutos lá de casa. É engraçado que todo lugar que eu vou encontro alguém da família. Minha avó é a mais nova de dez irmãos. A cidade de Reading tem 75 mil habitantes, mas definitivamente é uma cidade pequena.
4 Como é a vida de professora?Kristy: Eu adoro ensinar. A coisa que mais amo é quando um estudante finalmente consegue entender o que você está transmitindo para ele, é como se uma luz brilhasse bem na frente dos seus olhos. Eu acho que tenho o melhor emprego do mundo. A melhor sensação é quando, no final do dia, você percebe que ensinou muito a uma criança, algo completamente novo e que ela irá lembrar (pelo menos eu espero que lembre) pelo resto de sua vida. O dia é comprido e um professor nunca finaliza seu trabalho, enquanto o aluno não sai da sala de aula. Já tive muitas noites que corrigi trabalhos até altas horas. Se você não alcança a exaustão, não foi um bom dia.
5 Você ainda nada? Com qual frequência?Kristy: Eu não nado há dois anos. Eu dei uma caída na água, na semana passada, no Total Performance Camp que eu fiz com o Kenyon College. Roque Santos e eu fizemos algumas demonstrações, e me senti bem voltando pra água. Me senti estranha, mas foi como se nunca tivesse parado de nadar. BJ Bedford me mandou há poucos dias uns trajes de banho da Nike, então, neste verão, pretendo nadar pelo menos três vezes por semana.
6 O que mais você faz para malhar?Kristy: Eu passo muito tempo trabalhando. Mas agora, gosto de fazer aulas de spinning. Eu corro um pouco também e acabei de começar uma aula de ginástica chamada Down Under. O instrutor é da Austrália, e são os mais difíceis exercícios que já fiz fora da água. É uma combinação de pliometria e cardio. É difícil, mas eu adoro fazer. Eu sou aquele tipo de pessoa que precisa de um amigo para ir até a academia. Eu acho muito chato malhar sozinha, mas acho que isso é resultado de todos esses anos, indo e voltando na piscina. Um dia eu usei um contador de passos numa de minhas aulas, na escola e, digamos que foi contabilizado 10 mil passos num dia!
7 Qual ligação você ainda mantêm com os seus dias de nadadora?Kristy: Eu tento manter ligação com grande parte de meus ex-colegas de equipe, e isso fica bem mais fácil de fazer no verão. Nas ferias passadas, viajei tanto que fiquei só doze dias na cidade, depois que a aulas terminaram. Eu só voltei para ver a Amanda Schneider (Adkins), que foi minha colega de equipe e treinou na Georgia e em Sydney. Eu vou pra Boston nesta semana, para ir ao casamento da Samantha Arsenault, onde imagino que vai ser uma grande reunião da natação. Ontem, recebi um telefonema de Maritza Correia, e eu converso com a grande Stefanie Williams, todos os dias. A coisa mais legal dos meus amigos é que, mesmo que a gente fique sem falar dias, ou meses, quando começamos a conversar, a intimidade volta e nem parece que estamos distantes.
8 Qual é a memória de sua época de natação, que mais se mantêm viva na sua mente?Kristy: Seria fácil apontar a medalha de prata em Sydney, como minha maior memória, mas tenho que afirmar que foi os 200 peito no Trials, em 2000. Dois dias antes eu perdi a vaga dos 100, por 1 segundo. Quatro anos antes, eu perdi a oportunidade em Atlanta, por 17 segundos (e apareci na capa da Swimming World, chorando). Finalmente, integrando a seleção olímpica em 2000, com o tempo de 2 minutos e 24 segundos, me livrei de todos esses aborrecimentos que tive em minha carreira. Então, a medalha na olimpíada foi apenas o açúcar do bolo.
9 O que você aprendeu na natação?Kristy: Nadar me mostrou quão forte eu sou. Eu acredito piamente que as reações que você tem, em determinadas situações, mostram o tipo de pessoa que você é. As derrotas te fazem mais forte, ou te lançam no abismo, de uma vez. Uma pessoa chegou a me chamar de “A Imagem da Derrota nos Trials”. Pegando o terceiro lugar, em três Trials diferentes, (1996, 2000 e 2004) pode ser um preço alto que você pague futuramente, e isso faz pairar uma dúvida sobre si mesmo. Eu acho que essas experiências me deixaram mais fortes, me tornei uma pessoa melhor através do esporte. Aprendi como revidar na cara do inimigo.
10 Quando nós veremos um montes de pequenas Kristys correndo por aí? Afinal, você é ótima com crianças!Kristy: (Risos) Bem, não sei quando você verá um monte de pequenas Kristys, mas sinto isso em relação aos meus alunos. Eu tenho em minhas mãos 24 crianças, todo ano, e isso é uma grande família. Além disso, me divirto sendo a “tia Kristy” de todos os meus amiguinhos.
11 Quais seus planos futuros? Vai se manter na educação, algum plano administrativo, ou coisas desse tipo?Kristy: Sou rígidia quanto a isso. Adoro ensinar, então, não vou fazer nada em torno de administração. Eu gosto de me envolver diretamente com os estudantes, mas talvez, daqui uns 10 anos eu seja treinadora, além de ensinar. Vou ter que esperar pra ver isso.
12 Como você acompanha o esporte agora?Kristy: Eu ainda tenho amigos nadadores, então acompanho o máximo que posso. Eu assisto aos campeonatos pela televisão e vou ao NCAA quando acontece em Georgia. Eu queria ir para o Trials,no próximo verão. Anda sinto borboletas voando dentro da minha barriga, quando vejo a prova dos 200 peito.
13 Quem é o nadador, e a nadadora, que você está torcendo para os Jogos de 2008?Kristy: Eu tenho que escolher um só? Ta bom. Masculino é Michael Phelps. Na primeira vez que o vi, era um menininho, irmão de um colega de equipe do Pan, de 1995. Agora veja ele! É um grande embaixador da natação! Ele fez muita coisa no esporte, ao redor do mundo. Fico maravilhada no modo como ele continua levando sua vida, mesmo com tanto sucesso. No feminino, é difícil escolher uma só. Eu escolho Teresa Crippen. Tive a oportunidade de treinar com ela, e viajei a Germantown, duas vezes esse ano, para ajuda-la a treinar seu peito. Ela é uma nadadora do futuro. É durona, trabalha duro, tem talento… é completa. Ela vai ficar fazendo sucesso por aí por muito tempo.
14 O que você acha da volta de Dara Torres?Kristy: Eu acho assustador. Ela vai mandar ver na seleção, e quero estar lá para assistir. Não há uma única dúvida na minha cabeça que ela vai ser um sucesso para a seleção. Se alguém pode fazer um retorno desses, é Dara.
15 Quão poderosa é a natação onde você está hoje?Kristy: Na Pennsylvania, a natação colegial é muito grande. E esse estado parece ter tradição em formar grande peitistas, Jeremy Linn, Brendan Hansen, Kristen Woodring, Anita Nall, Kyle Salyards. E nós moramos todos num raio de duas horas de distância, um do outro!
16 As crianças que você ensina sabem de sua façanhas na natação? Você ainda é reconhecida?Kristy: Algumas vezes, sou reconhecida. Engraçado você me perguntar isso. Hoje fui reconhecida quando estive no shopping, para jantar. Os alunos que ensino hoje, tinham um ano quando eu estava em Sydney, o que me faz sentir velha. Mas sim, eles sabem da minha carreira. Eu uso a natação para ensinar, como quando estava ensinando sobre 10 e 100, e usava exemplos da piscina. Então, exemplifico contando das provas dos Trials. O olhar deles fica brilhando, vidrados. Eu acho que uma coisa muito boa de eu nadar, é que eles não vem com desculpas esfarrapadas para o meu lado, como “eu não fiz a lição porque estive nadando”. As crianças acabam o ano dizendo “senhorita Kowal nadou cinco horas num dia e fez toda a lição de casa”.
17 Quantas vezes você perdeu o UGA e você têm contato ainda com Jack Bauerle (treinador de Kristy)?Kristy: Eu sinto tanta falta de Georgia. Foi minha casa por muito tempo e é uma cidade fantástica. Eu queria ter morar lá para sempre. Georgia sempre terá um lugar especial no meu coração. E Jack, eu nem sei como falar. Mas ele é um Segundo pai pra mim, sempre foi. Eu tentei manter contato com ele o máximo que pude, mas ele é muito ocupado. Eu recebi um telefonema dele às 6 e meia da manhã, me perguntando se quando o telefone tocou, eu achei que tinha perdido o treino...
18 Você olha para trás e se sente completa na sua carreira?Kristy: É estranho. Estava assistindo um vídeo de mim mesma, esta semana, e foi a primeira vez que me bateu fundo. Eu sou agradecida por ter feito tudo isso. Sou uma pessoa de muita sorte. Na minha vida, sempre que fui vitoriosa, fiz por mim mesma, por isso sou muito feliz com tudo que passou.
19 Você pensa em ficar na Pensilvania pra sempre, ou ainda planeja uma mudança?Kristy: Por enquanto, quero ficar aqui. Eu sou uma dona de casa agora. Isso muda tudo. Mas quem sabe o que nos reserva o futuro? Eu sou extremamente ligada aos meus amigos e minha família. Uma vez que voltei a morar aqui em Georgia, sei que será extremamente difícil mudar de novo.
20 O que acontece na sua vida pessoal que você pode compartilhar com a gente – um novo hobby ou clube?Kristy: Vamos com essa de novo hobby. Esse ano eu decidi tentar algo novo. Comecei em um esporte de terra, então, com a ajuda do meu irmão mais novo, que era jogador do NCAA All-American de vôlei e, entrei num time. Ele foi em apenas um dos jogos, mas me deixou muito tensa. Seu conselho foi que eu pulasse bem alto e socasse a bola com toda força. Isso é o mesmo que dizer a alguém pra cair na piscina e mexer o mais rápido possível os braços e as pernas. Com sorte, minhas colegas de equipe, bem pacientes, me ensinaram muitas outras coisas. Eu tive ótimos momentos ali. Eu tenho experimentado grandes mudanças na minha vida nesses dois últimos anos, e experimentado muita coisa nova. Isso é, definitivamente, apenas mais uma fase na minha vida.
fonte: Swim.com.br
Um comentário:
TREINADORES
16 valores que os nadadores aprendem no esporte
Alex Pussieldi
Publicado em 01/07/2003
16 VALORES QUE OS NADADORES APRENDEM NO ESPORTE
Por John Leonard no Boletim da ASCA - American Swimming Coaches Association edição de Junho de 2002. Tradução e adaptação de Alex Pussieldi.
1 - Atividade física
Todos os estudos até hoje apresentados dizem que a natação é o esporte mais completo que existe. Tal valor é incalculável desde as mais tenras idades para o resto de suas vidas.
2 - Auto-confiança
A prática dá ao jovem nadador a condição de enfrentar o desafio melhorando sua auto-estima.
3 - Disciplina
Não existe boa técnica de estilo sem disciplina. Não há bom treinamento sem estrutura e isso é básico. Melhor do que a disciplina do trabalho é a auto-disciplina.
4 - Trabalho de equipe
Natação é impossível se pensar como um "esporte individual". É muito difícil e duro para encarar assim. Os seus companheiros de treinamento lhe motivam, lideram, seguem e contribuem diariamente com você, isso faz ficar mais fácil.
5 - Espírito esportivo
Uma das chaves mais importantes no esporte é essa. Bons treinadores ensinam seus atletas a competir com pessoas e não contra pessoas.
6 - Ética no trabalho
Não existe esporte que requeira mais esforço físico do que natação. Os atletas ao longo de suas carreiras aprendem que os seus próprios esforços irão refletir nos seus próprios resultados.
7 - Recompensa a longo prazo
Não tem coisa que doa mais mas como se aprende em natação. O que você faz no treino de hoje, na semana, no ano, irá se refletir lá na frente no seu maior objetivo. Nadadores aprendem a aceitar que os resultados levam tempo para se desenvolver.
8 - Aprender a utilizar o seu tempo
Nadadores são conhecidos como os atletas de melhores notas na escola. Porquê? A resposta é que devido ao grande tempo dispendido em treinamentos não sobra muito tempo para os alunos que acabam administrando este tempo de forma adequada para os resultados escolares.
9 - Dedicação
Nadadores aprendem que não podem fazer todas as coisas ao mesmo tempo, mas aprendem também que com a dedicação ao esporte conseguirão resultados mais a frente. Isto também pode ser chamado de concentração ou objetivos.
10 - Habilidade
O meio aquático é um meio diferente do nosso natural meio de vida. Por conta disso, nadadores aprendem a desenvolver extrema atenção na melhora da técnica e sensibilidade, isso os fará nadar mais rápido. São pequenos detalhes que são levados para o resto da vida.
11 - Amizade e respeito
Você talvez não "ame"os seus companheiros de treino todos os momentos. Mas você aprende a respeitá-los, especialmente pelo esforço durante o programa. Você também leva do esporte amizades que valerão para o resto de suas vidas.
12 - Traçar metas
Nadadores desde cedo aprendem a medir seu sucesso e como traçar novos objetivos para motivar-se a si mesmos.
13 - Igualdade entre os sexos
Isso você aprende no treinamento e vê que uma mulher é capaz de suportar qualquer programa de treinamento muitas vezes até a frente de muitos homens.
14 - Apreciar a ajuda do seu grupo de apoio
Seus pais o colocam e o mantém na natação. Treinadores ajudam a inspirar você. Seus companheiros dividem o duro trabalho diário. Tudo isso você leva para o resto de sua carreira.
15 - Coragem
Cada nadador quer ser um herói dentro da sua raia, e isso todos os dias. Todos os dias eles tem a oportunidade de mostrar sua coragem nos treinamentos. Coragem é um elemento a ser desenvolvido e a natação faz isso muito bem.
16 - Compaixão
Todos nadadores estão sujeitos ao fracasso. Quem é nadador sabe como é se sentir após um resultado não muito esperado. Eles aprendem a superar isso e como é bom receber o apoio dos companheiros. Nesta hora eles conseguem se levantar para seguir para novas metas.
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