terça-feira, setembro 18, 2007

A DOR NOS TREINAMENTOS: AMIGA OU INIMIGA?

Abaixo um texto do nadador Marcelo Tomazini, nadador várias vezes campeão Brasileiro e Medalhista PanAmericano. Com certeza ele sabe, e sentiu na pele, do que está falando:

Olá caros amigos, hoje vou colocar em pauta um assunto pouco discutido entre os atletas mas que todos sentem. Algo que, seja qual for o atleta, irá sentir sempre que treinar: as dores.
Quem nunca pensou em desistir naquele penúltimo tiro da série de VO2 máximo (forte ofegante, A3), faltando 10 segundos para sair da parede? Quem nunca pensou em simular uma câimbra na virada dos 100 metros, no meio da série de 200 A3? Quem nunca pensou em dizer "não estou me sentindo bem", mesmo sabendo que não há nada de errado com seu corpo? Bem é por essa e outras questões que o nível dos nadadores nacionais e internacionais melhoram.
Um dia um técnico me respondeu algo que pode parecer banal, mas é a verdade. Perguntei-lhe: Qual a diferença entre o primeiro e o segundo colocado? Ele me respondeu: Apesar de diversos fatores técnicos e estratégicos, o primeiro colocado sempre será o atleta que suportará mais a dor.
Na prática, nós nadadores sabemos que não é bem assim. Entretanto, o que ele diz tem mais verdade do que parece.
Não podemos pensar nesta resposta como se essa afirmação funcionasse somente nas horas da competição. Existem nadadores que já venceram sem sentir tanta dor. Outros que já ficaram em último e não conseguiam esticar o braço após a prova. Então, devemos pensar nesta frase com relação a um planejamento montado. O qual o técnico programa todas as séries (A1, A2, A3, tolerância, potência, velocidade, etc…) necessárias para a melhor estruturação do corpo do atleta em suas performances. Aí aquela resposta se encaixa.
O atleta que durante este planejamento integral suportar mais as situações incômodas de dor, durante os treinamentos, devido à fadiga, aquelas que dá vontade de chorar, de parar todo o treino, aquelas que realmente você sente que quando encerrada, seu corpo realmente evoluiu. Serão estas as pessoas que realmente se preparam para o momento da competição. Serão estes atletas que poderão subir no bloco, olhar para o infinito e dizer para si mesmo: "É AGORA!".
Muitas vezes tive oportunidade de dizer isso. Eu sabia que a maior dor que podia sentir, já tinha superado durante as árduas semanas anaeróbicas, exaustivas séries de VO2 máximo e cansativas preparações físicas. Meu psicológico estava preparado para eu oferecer o meu melhor, podendo me concentrar em apenas pequenos detalhes que realmente interfeririam na minha prova e não em que parte da prova eu sentiria dor.
A resistência a dor nos treinamentos mantêm o atleta forte psicologicamente. Este é talvez o limite para muitos. Por isso aprendi dois ditados na qual sempre apliquei, tanto como atleta quanto técnico e que sempre me ajudaram psicologicamente nos treinos.
Até porque sempre treinei e competi contra grandes amigos e rivais dentro e fora das piscinas, e os ditados são:

"CHORE NOS TREINAMENTOS PARA SORRIR NAS COMPETIÇÕES"
"UMA PEQUENA DIFERENÇA NOS TREINAMENTOS É UMA GRANDE DIFERENÇA NAS COMPETIÇÕES"

Bem é isso amigos, bons treinos, fortaleçam a mente e… BOAS DORES!

Grande abraço,
Marcelo Tomazini

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