quinta-feira, outubro 04, 2007

Kaitlin Sandeno - Símbolo da persistência

Abaixo uma antiga, mas, excelente matéria que saiu no bom Site Raia4News sobre a nadadora americana Kaitlin Sandeno. Pode ser que eu seja muito maçante em sempre colocar aqui histórias de atletas que vencem as adversidades (não só atletas), porém para mim natação, treinamento, competição, tem à ver com isto: SUPERAÇÃO, ATINGIR O MÁXIMO QUE VOCÊ PODE, nao importando se é o Ouro Olímpico ou o Índice do Paulista. E isto, como sempre digo, são atitudes para se por em prática na vida. Vamos a reportagem:

Símbolo da persistência
Acabando de sair da competição de sua vida, os Jogos Olímpicos, onde suas performances renderam uma coleção de interessantes colocações – um ouro, uma prata, um bronze e um quarto lugar –, a americana Kaitlin Sandeno pode ser considerada uma das nadadoras mais versáteis do mundo.
A medalha de prata nos 400 medley, na qual ela demoliu o recorde americano de 12 anos abaixando nada menos do que cinco segundos de seu tempo, catapultou-a ao estrelato (abaixo, Sandeno retratada nas eliminatórias daquela prova, ao lado da ucraniana recordista mundial Yana Klochkova e da brasileira Joanna Maranhão - foto: COB).
Mas quando ela fechou de maneira fantástica o revezamento 4x200 livre americano, ficou claro que a natural de Southern California tinha levado sua natação a um patamar habitado por poucos.
“Não queria que terminasse”, disse Sandeno sobre sua experiência olímpica. “Foi uma montanha-russa emocional. Voltei para casa em Orange County, e quando eu estava com minha mãe e minha irmã, simplesmente comecei a chorar. Estava triste porque havia acabado, e estava muito orgulhosa de mim mesma...”
Sandeno vive em uma casa próxima à Universidade de Southern California, onde ela estuda e treina. Dois dias após a Seletiva Olímpica Americana, ela assinou um negócio lucrativo com a Nike. Sua vida como competidora pelo Trojan (equipe universitária) estava acabada. Sua vida como profissional, no entanto, estava avançando rápida.
Superando obstáculos
Mas as coisas nem sempre foram tão belas assim para Sandeno.
Quatro anos atrás, como uma jovem de 17 anos que crescera em El Toro e treinava com o Nellie Gail Gators, ela era vista como a que poderia fazer tudo em Sydney – inclusive reescrever o hino nacional americano. Ela havia se classificado em três provas: 400 medley, 200 borbo e 800 livre. A expectativa era enorme.
“Em 2000, todas as revistas tinham previsto que eu iria vencer tal medalha e tal medalha”, ela relembra. “Voltei para casa com uma medalha de bronze”.
Mesmo apesar dela considerar seu pódio nos 800 livre como um sucesso, o sentimento geral foi de que ela não apresentara tudo que podia.
Então, dois meses depois, quando ela estava pronta para dar uma guinada na vida como atleta da USC, o mundo começou a desmoronar. O que começou com uma dor nas costas se tornou um inescapável espiral de uma dor agonizante.
“Passei o Natal deitada por causa de minhas costas”, ela diz. “Por seis meses, ninguém soube dizer o que havia de errado comigo. Um dia, eu achava que iria melhorar, mas no outro eu estava pior. Era muito frustrante, mentalmente e fisicamente”.
Sandeno quase abandonou o esporte.
“Ela basicamente não tinha condições de treinar durante todo seu ano de caloura”, diz o treinador da USC Mark Schubert. “O que ela fez no NCAA (quarto lugar nos 400 medley e sexto nos 200 borbo) foi milagroso”.
Quando o diagnóstico finalmente veio – uma enfermidade rara que pode ter se originado ou não de uma fratura por stress – não havia garantias de que qualquer fisioterapia e tratamento poderia fazê-la voltar à forma.
“Mentamente, sempre fui uma nadadora confiante, mas realmente sofri com aquilo”, diz Sandeno. “Os Jogos Olímpicos foram a primeira competição em que eu estava realmente bem. Você não pode saber o que irá acontecer. Quase abandonei a natação há dois anos, e agora estou no topo da minha forma”.
Expandindo seus horizontes
Não se espera que a vida entre as raias mude muito para a profissional Sandeno. Fora d’água, no entanto, ela já começou a explorar uma vasta rede de possibilidades que parece não ter fim.
Anúncio de produtos, palestras motivacionais, programas de esportes e entretenimento na mídia, trabalhos como modelo – os interesses e talentos de Sandeno são tão versáteis em terra firme quanto na água.
“Eu queria me mostrar para o mundo”, ela explica. “Farei qualquer coisa que eu sinta que represente alguma influência positiva”.
Mostrando a que veio
Não se esperava muito do time feminino americano em Atenas. E isso também valia para Sandeno – especialmente no medley.
“Fiquei no 4:40 (nos 400 medley) por quatro anos”, ela diz. “Depois da seletiva, eu realmente me foquei no meu nado de peito”.
Em Sydney, quatro anos atrás, Yana Klochkova havia chegado na frente de Sandeno por quase 7 segundos e meio. Desta vez, no entanto, a ucraniana recordista mundial teve que nadar a prova de sua vida. Na primeira metade da prova, Sandeno se destacou nas parciais de borbo e costas. Nada surpreendente. No entanto, quando ela virou para o nado de peito e se recusou a ser ultrapassada, parecia uma nadadora diferente.
“Parece que naquela noite eu finalmente aprendi como nadar os 400 medley”, ela diz.
Sandeno não apenas conseguiu a prata com seu 4:34.95, destruindo o antigo recorde americano de Summer Sanders (4:37.58), como também se tornou a terceira melhor nadadora da história da prova (foto abaixo: Getty Images).

Outro recorde cai
Por causa de sua lesão nas costas, Sandeno sentiu que estava limitada para treinar o suficiente para conseguir a resistência necessária para os 800 livre. No entanto, ao invés de se conformar com isso, ela passou a focar novas provas como as de 200m.
Ela nadou os 200 livre na seletiva americana especificamente para conseguir uma vaga no revezamento, e seu terceiro lugar com 1:59.55 a garantiu ao menos nas eliminatórias do 4x200 em Atenas.
“Nunca havia nadado um revezamento em uma competição internacional antes”, explica Sandeno. “Meu objetivo na seletiva era fazer parte do revezamento 4x200”.
Logo após seu 400 medley, estava claro que aquela era a competição da vida de Sandeno. Cada caída na piscina produziria resultados excepcionais.
O dia seguinte trouxe outra medalha, um surpreendente bronze nos 400 livre. Seu 4:06.19 representou uma melhora de quase dois segundos de seu melhor tempo.
“Estava me divertindo muito”, diz Sandeno. “Não conseguia dormir à noite. Meu coração batia muito rápido porque eu estava muito empolgada para nadar novamente. Estava muito empolgada por estar lá”.
Um dia depois, os 200 borbo produziram outro melhor tempo de sua vida, mas ela ficou fora do pódio com o quarto lugar.
“Fiquei um pouco desapontada com os 200 borbo”, ela confessa. “Queria nadar mais rápido que 2:08”.
Ela teve a chance de se redimir, no entanto, 20 minutos depois.
Naquele dia, Sandeno, que tinha ido para Atenas preparada para nadar apenas as eliminatórias do revezamento, não apenas descobriu que iria nadar a final como também que os técnicos haviam concordado unanimemente em colocá-la para fechar a prova.
Depois de soar o tiro de partida e da companheira Natalie Coughlin abrir com o tempo de 1:57.74, que lhe daria o ouro na prova individual, Sandeno sentou atrás dos blocos de partida, chacoalhando suas pernas após a prova de borbo.
“Eu sabia que estávamos indo bem”, ela diz. “Eu podia ver que estávamos abaixo do recorde mundial, mas na verdade eu não queria pensar naquilo”.
Piscina a piscina, Carly Piper e Dana Vollmer continuaram a manter a margem que Coughlin havia estabelecido. E as americanas, as quais muitos diziam que não eram favoritas sequer ao pódio na prova, não estavam apenas vencendo facilmente, mas estavam abaixo das parciais do time dopado da Alemanha Oriental de 1987.
Sandeno fechou para 1:58.17 e as americanas destruíram o recorde mundial e conquistaram o ouro em uma das melhores provas da competição.
“Acho que eu estava gritando um pouco antes de bater a mão na parede”, diz Sandeno. “Não conseguia sair da piscina depois. Foi o final perfeito para um experiência incrível e uma competição fantástica. Eu não queria que terminasse...”
Abaixo, Sandeno, ainda na piscina, é congratulada pelas suas companheiras de equipe após o término do 4x200 livre (foto: Getty Images).
O show tem que continuar
Sandeno, com as conquistas olímpicas, era anunciada como uma das grandes atrações do Campeonato Mundial de piscina curta, realizado em Indianápolis menos de dois meses após a Olimpíada.
Como ela já se acostumara, as coisas não foram fáceis. A começar pelo fato de que ela quase não pôde nadar. Durante o aquecimento para as eliminatórias do primeiro dia, ela teve um problema.
“Tive um pequeno acidente esta manhã e por um momento pensei que não nadaria”, disse ela no dia. Ela foi atingida por uma prancha no rosto, o que causou uma concussão.
Mas ela aprendeu a crescer frente às adversidades. Em um dia em que todos os olhos estavam voltados para Michael Phelps – que venceu os 200 livre – Sandeno conseguiu muito mais. Exatamente o triplo. Venceu os 200 borbo, os 400 medley e fechou com autoridade o revezamento 4x200 livre que ameaçou o recorde mundial, apresentando em todas as ocasiões finais de prova respeitáveis. “Estou empolgada por ter nadado tão bem porque não estou na minha melhor forma”, disse ela após as vitórias.
Foi a primeira vez que um nadador venceu três provas em uma competição de nível mundial em apenas um dia (abaixo, ela vence os 200 borbo - foto: Getty Images).
Enquanto Phelps, a maior atração da competição, abandonava o campeonato devido a dores nas costas, Sandeno também não precisou de se esforçar muito após o primeiro dia lotado. Voltou à piscina para nadar apenas mais uma prova, os 400 livre no terceiro dia. Mais um ouro para a coleção.
“Meu deus, não parece verdade! Os fãs estão indo à loucura e as crianças pedem por autógrafos. É uma loucura porque não estamos acostumados com isso, como nadadores. É como sermos astros do rock em Indianápolis. A cidade de Indianápolis foi muito acolhedora. Amamos e apreciamos muito”.
Parece que, a partir de agora, ser uma celebridade passará a ser uma doce rotina da vida de Sandeno.

Conhecendo melhor Kaitlin Sandeno
A entrevista abaixo foi concedida por Kaitlin Sandeno há alguns meses, logo após a Seletiva Olímpica Americana. A seguir, algumas das respostas concedidas pela nadadora.
Pergunta: O que você ouve para ficar motivada?
Sandeno: Eminem!
Pergunta: Qual foi o último livro que você leu e quantas estrelas, de no máximo cinco, você daria para ele?
Sandeno: O último livro que li? Oh meu Deus... você pode colocar que não leio (risos) – claro que não é verdade, porque faço faculdade de história, e precisamos ler muito! Coloque aí a biografia de Amanda Beard (risos) – sim, ela está aqui agora! E eu daria cinco estrelas!
Pergunta: Qual é a melhor coisa de fazer parte de uma escola como a USC?
Sandeno: Oh Deus, muitas coisas... a tradição, o legado e o prestígio.
Pergunta: Quantas vezes por dia você come e cerca de quantas calorias você consome?
Sandeno: Eu realmente não tenho idéia. Amo sobremesas, e é isso que me mata no fim do dia! Gosto muito de frangos, não gosto de carne vermelha. Não se esqueça de iogurte congelado!
Pergunta: O que você fará quando sua carreira terminar?
Sandeno: Vou trabalhar na mídia ou (pausa, risos) abrir uma loja com Amanda (Beard)!
Pergunta: 2008 é uma possibilidade para você?
Sandeno: Algum tempo atrás, eu dizia “não, não irei fazer isso”. Mas tenho me divertido muito na natação. Continuarei nadando enquanto estiver me divertindo e estiver livre de lesões. E as coisas estão divertidas. Estou gostando novamente de nadar.
Pergunta: O que a natação ensinou você sobre você mesma?
Sandeno: Oh cara... Eu nunca realmente soube o quão competitiva eu era até começar a nadar. Odeio perder e não fazer meus melhores tempos! Meus pais me dizem que sou muito exigente comigo mesma, mas eles também sabem que se eu não fizer meu melhor na próxima vez que nadar será ultrajante. (Natação) também me mostrou que tenho muita determinação.
Pergunta: Se não fosse pela natação, que esporte você gostaria de praticar profissionalmente?
Sandeno: Amaria jogar vôlei de praia. E eu sempre fui uma jogadora de futebol. Esses dois.
Pergunta: Onde você gostaria que os próximos Jogos Olímpicos fossem realizados e por quê?
Sandeno: Em Orange County, porque sou de lá! Não poderia haver melhor lugar que sua terra natal! Mas também amei a Austrália, em 2000. Poderia ter ficado lá para sempre.
Pergunta: Ver como os fãs e especialmente as crianças reagem a você é realmente incrível. O que significa ter todos esses fãs – especialmente as crianças – atrás de você?
Sandeno: É fantástico! Quando alguém me diz isso eu me pergunto “Eu? Verdade?”. É surreal. Crianças pequenas me dão mais motivação. E estou empolgada para representar os Estados Unidos. É fantástico ter o apoio de todos e ser reconhecida pelo meu trabalho duro!
Na foto abaixo, Kaitlin Sandeno apresenta um prêmio no MTV Music Awards, logo após os Jogos Olímpicos, ao lado das também medalhistas Misty May, Carly Patterson e Jo Jo (foto: Kevin Kane).








Ficha de Sandeno
Nome: Kaitlin SandenoNascimento: 13 de outubro de 1983Pais: Tom e JillIrmãs: Amy e LaurlynCunhados: Mike e StevenSobrinhos e sobrinhas: Michael, Thomas, Luke, Sarah e Max (a caminho)High School: El Toro, 2001Universidade: Universidade de Southern CaliforniaTime de divisões de base: Nellie Gail GatorsTime atual: Trojan Swim ClubTécnicos: Renee e Vic Riggs (Nellie Gail Gators) e Mark Schubert (Trojan)Programa de TV favorito: “The OC”Filmes favoritos: ComédiasMúsica favorita: Hip-hopComida favorita: SushiSobremesa favorita: Iogurte congeladoAtividades de lazer: Fazer compras e ir à praia


Wlad

Nenhum comentário:

Real Time Web Analytics