No ano de 2006 fui a uma palestra do treinador Bob Bowman, técnico da equipe de Michigan e do atleta Michael Phelps. Ele viera ao Brasil para negociar a transferência de um nadador para lá e aproveitou a oportunidade para dar uma breve palestra a um grupo de aproximadamente 20 treinadores e 40 atletas sobre os treinos de Phelps.
Além do volume de treino, da alta metragem de trabalho de pernas, dos tipos de série e dos tempos de Phelps nos treinos, o que mais me impressionou foi a personalidade e postura do nadador. Segundo Bowman, Phelps chegava a piscina todos os dias 20 minutos antes do início do treino para se concentrar. Ele sentava a em algum lugar próximo a piscina e ficava pensando, imaginando o treino, seus objetivos no dia. Phelps fazia isso rigorosamente todos os dias, de domingo a domingo. Bowman então perguntou: “Quem aqui faz isso ao menos 10 minutos antes do treino, ao menos duas vezes na semana?” Nenhum nadador levantou a mão.
Bowman acrescentou ainda que Phelps nunca se contentava com seus resultados. Mesmo na Olímpiada de Atenas, onde se Phelps fosse uma Nação, ficaria entre os 15 países mais bem colocados no quadro geral de medalhas, ele não se contentou.
O mais impressionante foi o número de dias que até então ele treinara para as Olímpiadas. Bowman disse que Phelps treinou por cerca de três anos todos os dias, incluindo natal, ano novo, aniversário. Phelps perdera em três anos 4 dias de treino em água, por uma cirurgia dentária, mas nem por isso, perdera uma sessão de treino, pois o nadador compareceu para realização de um treinamento mental e outros tipos de treinamento possíveis a sua condição. Bowman dirigiu-se novamente aos nadadores (cerca de 40, entre eles atletas de alto nível, olímpicos) que assistiam à palestra: “Sei que vocês não treinam de domingo a domingo, mas eu pergunto: Quem aqui só nesse ano não perdeu sequer um treino?”. Apenas dois nadadores levantaram a mão.
Eu pergunto: O que significa comprometimento? Será que essa palavra é importante no dia-a-dia de um atleta?
Muitas vezes nos acomodamos e por isso o resultado tão aguardado não vem. Nadamos muito bem uma competição e em seguida caímos na zona de conforto, quando deveríamos na verdade treinar ainda mais comprometidos para colher um resultado ainda melhor. Eufóricos pelo bom resultado conquistado, passamos a treinar fraco, perdemos treinos, e mais uma vez temos de correr atrás de voltar pro caminho certo. Sempre digo que a temporada de um nadador é um caminho reto. Quanto menos você desvia desse caminho, com doenças, faltas, treinos ruins, melhor será seu resultado ao final do período. Mais você fica perto do destino final.
Reta final para todas as categorias, bons treinos e bom caminho!!!
Tatá
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