quarta-feira, outubro 24, 2007

Mesa Redonda Sobre os 200 Livres

Na Clinica da ASCA (Encontro de Técnicos Americanos) foi realizada uma mesa redonda com algun dos melhores treinadores americanos sobre a prova de 200 Livres. O artigo foi retirado do ótimo Site BestSwimming.com, destaquei alguns trechos interessantes deste excelente bate-papo de técnicos:

PAINEL DE DISCUSSÃO COMO TREINAR UM NADADOR DE 200 LIVRE

Michael Phelps e sua prova de 200 foi o tema da palestra ( Tradução Alex Pussieldi ) em 21/10/2007

Participação de Mark Schubert, Head Coach da Seleção Americana, Bob Bowman, Head Coach da Universidade de Michigan, Jon Urbancheck, técnico do Club Wolverine, e Tery McKeever, Head Coach da Universidade da Califórnia.

Mark Schuber abriu a palestra apresentando o vídeo dos 200 livre de Michael Phelps em Melbourne.

Mark Schubert – Não há dúvida de que o desempenho em Melbourne foi fantástico, diria até histórico. Mas houve uma parte na competição que parece que realmente despertou o nosso time. E isso foi a vitória de Phelps nos 200 livre. O resultado, a forma como foi obtido desencadeou um novo espírito no grupo durante toda a competição.

Bob Bowman – Os 200 livre é a prova mais difícil de ser nadada. Para aprender a nadar, você precisa nadar ela várias vezes. Michael demorou muito para aprender. Os 200 é a prova onde temos de encontrar o equilíbrio e balanço entre a velocidade, a resistência e a experiência. Para se ter um bom 200 precisamos nadar ele muitas vezes. Em Atenas 2004, Michael cometeu dois erros graves. O primeiro deles foi nadar sem atacar, nadou o tempo todo atrás, ele foi muito conservador na sua estratégia. O segundo foram as viradas. Em cima disso, fizemos nosso programa desde então. Um mês antes do Mundial de Melbourne, Michael me pediu o vídeo dos 200 livre de Atenas. Ele deve ter assistido umas 300 vezes isso. Ele realmente estudou Peter Hoogenband. Viu onde estavam as dificuldades e principalmente as fraquezas. Quando Michael virou os primeiros 50 e eu vi que ele estava em primeiro eu até comentei com Mark Schuber que estava ao meu lado: acabou! Eu não falo com Michael sobre as provas durante a competição. Fazemos isso previamente, conversamos muito. Na competição, deixo ele se concentrar e relaxar. Conversamos muito sobre o parcial. Conversamos que seria impossível chegar a 1:44 se não passassemos com 51:00. Para as viradas trabalhamos como nunca. Estamos trabalhando esta parte submersa intensamente desde 2001. Foi muito trabalho. Eu insisti tanto que em determinada época do treino tive de começar a limitar as pernadas de Michael no treino pois ele estava subindo e nadando um ou dois ciclos e já virava. Trabalhamos a forma de fazer a perna submersa se tornar mais forte, maior, tentamos de tudo. Posição de corpo, posição dos braços, tudo foi testado e treinado. É a mesma coisa que fizemos com seu nado peito que até 2002 era medíocre. Na estratégia da prova de Melbourne, Michael começou na frente como planejamos. A subida de seu breakout ainda não é perfeita, precisamos melhorar e na 3ª virada isso ficou ainda mais evidente. O melhor impulso da parede foi o último e acho que foi o que decidiu a prova.

Jon Urbancheck – Uma coisa que precisa fizer bem clara é a diferença entre a pernada submersa e a pernada na superfície. A diferença é importante e mais importante ainda é saber fazer a transição de um para o outro.

Tery McKeever – Natalie Coughlin nada os 200 livre de forma diferenciada. Ela prefere manter a prova mais em controle e aplicar tudo nos últimos 100 metros. Até assisti a prova dela no Mundial ao lado de um técnico que me comentava que ela não parecia bem e até respondi que ficasse tranqüilo, pois o melhor estava por vir. E não deu outra. Eu acho que Natalie precisaria nadar mais esta prova, mas ela não gosta e não esconde isso.

Bob Bowman – Para melhorar o seu nadador de 200 livre, o melhor programa é treiná-lo para os 400 livre. É só prestar a atenção nos melhores nadadores de 200 do mundo: Michael, Thorpe, Vanderkaay, Keller, talvez a exceção seja Hoogenband. Todos os outros são grandes nadadores de 400. O princípio do treinamento é a base. É o alicerce para bons resultados no futuro.
Fizemos muito trabalho de velocidade de prova em treinamento. Trabalhos brokens e várias séries de qualidade. Michael aprendeu a crescer nos segundos 100 metros da prova.

Jon Urbancheck – Eu sou da época que velocistas nadavam até 200 metros. Eu só conheço este tipo de natação. Hoje em dia parece que mudou.

Tery McKeever – Ninguém sabe que Natalie também nada os 400 para 4:10. Eu também acredito que isso ajuda a ela segurar a prova mas como disse antes prefiro me dedicar mais ao trabalho mais específico e Natalie produz melhor nas provas de 50 a 200.

Jon Urbancheck – Vários nadadores de 200 livre vieram dos 1500. Casos de Vanderkaay e Keller. Se há uma coisa que Bob Bowman adicionou ao programa de Michigan foi o trabalho de musculação. Ele realmente fez os nadadores aprender a trabalhar duro com sua nova fórmula.

Bob Bowman – Uma das estratégias de Michael nos 200 é saber administrar a sua perna durante a prova. E ele começou a fazer isso desde jovem. Ele assiste muitos vídeos e posso garantir que a pernada de seis tempos não é por acaso. Trabalhamos para chegar onde estamos. Várias vezes já coloquei Michael para fora do treinamento, isso quando jovem, várias vezes mesmo por não cumprir determinada meta no trabalho de pernada. Ele chegou a chorar várias vezes por isso mas não baixei meus pré-requisitos.

Jon Urbancheck – Está aí outra grande coisa que Bowman trouxe para Michigan. Não existe pernada fácil em Michigan, não existe mesmo. Peter Vanderkaay tinha uma pernada horrível.

Bob Bowman – Isso faz parte do tradicional sentimento de defesa. Se você não é bom em determinada coisa, você naturalmente não quer fazer esta coisa.

Tery McKeever – Pernada também é fator preponderante no meu trabalho. Não uso pranchas, utilizamos sempre snorkels e pernada na posição de streamline. Nós incorporamos o trabalho de pernada no treinamento. Ou seja, tenho várias séries principais onde a pernada está inserida e faz parte da série.

Jon Urbancheck – O trabalho de combinação de pernada com nado é importante. Ajuda ao nadador assimilar a necessidade de incrementar o trabalho da sua pernada.

Tery McKeever – Um detalhe importante com relação ao trabalho de perna é que todo o corpo deve estar envolvido no movimento, e não, apenas as pernas como se pensa.

Bob Bowman – Não fazemos grandes trabalhos específicos para melhorar ângulo de flexbilidade de perna, apenas alongamento normal e trabalhamos a pernada forte no treino. Utilizamos pés de pato mas não gosto muito do monofin. Não existe um período exato para se trabalhar pernada. Ela cabe em qualquer hora, em qualquer treinamento. E não sou só eu que trabalho assim. Sei que Frank Busch do Arizona faz seus atletas realizarem duas vezes por semana séries de 3 a 4 mil de pernada. Nosso trabalho de perna chega a 30% do volume total.

Tery McKeever – Não tenho um valor exato de quanto a pernada pesa no meu treino. Tem dias que 25% e talvez as vezes até 60%.

Jon Urbancheck – Os atletas precisam entender que trabalho de pernada é trabalho para tempo e não hora de conversar. Também fazemos o trabalho de pernada contra a parede, onde após determinado tempo, eles saem em impulsão nadando forte até o meio da piscina.

Bob Bowman – Dos 30% de pernada que fazemos, 10% é feito de forma submersa. É muito importante a intensidade deste trabalho.

Jon Urbancheck – Você deve treinar do jeito que você vai nadar. Tem de fazer algo no treinamento que será utilizado na competição. Os nadadores de peito tem de fazer pernada de peito. E assim por diante. Eu trato de evitar a prancha, mas também utilizo algumas vezes.

Bob Bowman – Meu problema com monofin é as dores nas costas que pode causar. Já usei antes e tive este problema, assim deixei de lado. Gosto do trabalho de pernada na parede. Utilizamos pés de pato, peso para a pernada, positive fins. Não gosto dos zoomers.
Agora que voce leu que tal assistir a prova dos 200 Livres do Phelps, abaixo? Só mais um detalhe, ele dá 26-28-30-29 braçadas a cada 50 metros:
Wlad

Nenhum comentário:

Real Time Web Analytics