sexta-feira, abril 04, 2008

Talento, Idade e Treinamento

Mark Foster, nadador britânico, de 38 anos de idade, se classificou na seletiva de seu país para participar de sua 5ª Olimpíada. Sua primeira participação foi em Seul, há 20 anos atrás. Mark treina sozinho aproximadamente 2000m por dia, além de um trabalho que faz fora d'água (fonte Best Swimming). 2000m por dia se fazem em cerca de 45 minutos a uma hora de treino. No caso de Mark que é velocista talvez isso seja feito em um pouco mais de tempo, já que procura nadar próximo de seu 100% e isso exige tempos de descanso entre tiros e séries relativamente grandes. Como um nadador de idade avançada treinando tão pouco conseguiu marcar 22”29 em piscina longa e garantir sua participação em Pequim?
Fernando Scherer nadou por muito tempo, ao final de sua carreira, treinando de forma semelhante e mantendo bons tempos. Uma vez em um Troféu Brasil (ou José Finkel, na piscina no Clube Internacional de Regatas, 25m), vi Xuxa (deveria ter entre 28 e 30 anos) fazer um ótimo tempo. Cerca de cinco nadadores lutavam para nadar abaixo de 22” nas eliminatórias do 50m livre e ninguém conseguira. Xuxa chegou faltando uns 10 minutos para nadar, tirou a roupa, não aqueceu, nem sequer girou braços e foi nadar o revezamento do Santo André. Abriu para 21”81. A mesma pergunta que finalizou o parágrafo anterior se repete: Como?
Isso não é para qualquer um. São exemplos de nadadores extremamente talentosos e que tem muita bagagem de treino feito em outras idades. E pode ligar a palavra talento a palavra técnica. Ambos sempre foram extremamente técnicos em seu treinamento, apesar de curtos, prioriza-se muito a qualidade, ou seja, nadar em intensidades próximas às máximas com execução de movimentos em técnica apurada. Além do que, Xuxa começou a realmente treinar e a se especializar em torno dos 15 anos de Idade, sendo que seus melhores resultados a nível internacional, vieram quando treinava um volume maior.
Agora não se engane nadador. Em provas de 100m para cima não conhecemos nenhum caso como esse, pois apesar de ser considerada uma prova de velocidade, nos 100m existe uma parcela significativa de atuação do componente aeróbio e este só pode ser aprimorado de maneira eficaz com treinamentos de resistência, ou seja, treinos mais longos.
Podemos citar como exemplo o nadador Sul Africano Ryk Neethling, que era um nadador de provas longas, sendo que nos Jogos Olímpicos de 2000, foi 5º lugar nos 1500 Livres. Com o tempo, e principalmente com o trabalho de base ganho ele foi se aprimorando nas provas mais rápidas. E ai conseguiu se maior feito que foi no Revezamento 4x100 Livres nos Jogos Olímpicos de 2004 (Atenas) onde conquistou a medalha de ouro. Somente consegui os resultados que tem hoje (está disputando aos 31 anos de idade mais uma Seletiva Olímpica) graças ao treinamento de fundo que teve antes.
Surge outra pergunta: e se esses nadadores treinassem mais, será que teriam resultados mais expressivos ainda? Possivelmente sim. Mark Foster está ainda decidindo se realmente irá para Pequim, pois só quer nadar se estiver competitivo e sabe que para isso teria de nadar pelo menos na casa de 21”8. Ele deve imaginar que para isso 45 minutos por dia não serão suficientes. Lógicamente treinamento de natação não é uma ciência exata pois vários fatores influem o desempenho esportivo e não somente o treinamento. Só aguardando as Olimpíadas para ver.
Mark Foster já foi recordista mundial dos 50m livre em piscina de 25m. Fernando Scherer foi recordista sul americano em provas de velocidade no estilo livre e borboleta, tanto em piscina de 25m como de 50m.
Wlad e Tatá

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